Greve

Sindicato da categoria quer reverter situação, mas diz que pagamentos estão atrasados e fala que sete companhias de ônibus descumpririam acordo

ADAMO BAZANI
Colaborou Jessica Marques

Parte do ABC Paulista corre o risco de enfrentar uma greve de ônibus a partir de zero hora de quinta-feira, 14 de maio de 2020.

De acordo com o Sintetra, sindicato que representa os trabalhadores em transportes no ABC, as sete empresas do Grupo Baltazar, do empresário Baltazar José de Sousa, não cumpriram convenção coletiva em relação aos pagamentos do mês de abril. Há também o risco de corte de convênio médico.

As empresas são Viação Ribeirão Pires, EAOSA – Empresa Auto Ônibus Santo André, Viação São Camilo, Empresa Urbana Santo André, Viação Imigrantes, Viação Triângulo e Viação Riacho Grande que operam linhas metropolitanas da EMTU entre Ribeirão Pires, Mauá, Santo André, São Bernardo do Campo, Diadema, Mauá, Rio Grande da Serra e a capital paulista. Uma das empresas – EUSA (Empresa Urbana Santo André) também opera linhas municipais em Santo André.

São aproximadamente mil funcionários e em torno de 350 ônibus, segundo o sindicato.

O vice-presidente do Sintetra, Leandro Mendes da Silva, afirmou ao Diário do Transporte que constantemente o grupo vinha realizando atrasos em pagamentos salariais, de férias e benefícios, inclusive de depósitos do FGTS, mas de três anos para cá estava regularizando a situação gradativamente. Entretanto, com a crise gerada pela pandemia da Covid-19, as empresas voltaram a apresentar dificuldades por causa da queda de demanda.

O representante sindical disse que diversos trabalhadores foram colocados em férias no início de abril e que, pela convenção trabalhista, deveriam receber no início de maio, o que não ocorreu.  Além de férias, não houve pagamento também de salários e vales-alimentação.

De acordo com Leandro, os proprietários das empresas, Baltazar e o filho Dierly disseram que aguardam um repasse financeiro da EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos que poderá ajudar a quitar parte do débito.

O sindicato diz que reconhece que uma greve neste momento pode prejudicar trabalhadores de setores essenciais, mas que a situação dos funcionários está insustentável.

A entidade trabalhista oficiou para cumprir o período de 72 horas de aviso de greve a gerenciadora do sistema de Santo André – SATrans, a EMTU, as empresas do grupo de Baltazar e o sindicato das empresas de ônibus do ABC.

Diário do Transporte procurou na EAOSA, que sedia o grupo, um posicionamento, mas a atendente disse que a responsável pelo o assunto não estava mais na garagem.

SANTO ANDRÉ

Em nota, a Prefeitura de Santo André informou ao Diário do Transporte que, caso haja paralisação, as demais empresas do Consórcio União Santo André farão a operação das linhas B13, B19 e S36, que seriam afetadas pela greve.

Confira a nota, na íntegra:

A Prefeitura de Santo André, por meio da SATrans, esclarece que recebeu ofício enviado pelo Sintetra (Sindicato dos Rodoviários e Anexos do Grande ABC) alertando sobre a possibilidade de paralisação no próximo dia 14 de maio.

A demanda apresentada, de caráter trabalhista, envolve sete empresas de ônibus, sendo seis intermunicipais e uma municipal, a Viação Urbana, que atende três linhas na cidade, a B13, B19 e S36.

A partir do recebimento deste ofício, a SATrans notificou imediatamente as empresas que formam o Consórcio União Santo André a respeito da possibilidade de greve.

A SATrans acompanha os desdobramentos e, em caso de paralisação, essas três linhas serão absorvidas pelo sistema de transporte da cidade formada pelas demais empresas, não havendo prejuízo à mobilidade dos usuários.

Diário do Transporte aguarda um posicionamento da EMTU sobre o assunto.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

 

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